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sábado, 22 de novembro de 2014

A que preço?



Se hoje eu acordei sem acreditar no amor,
perdoa-me.
Não existe nada mais decepcionante do que desacreditar no amor.
Um dia ele estará completo, em chamas, dentro de ti; noutro, apenas faltará lenha.
Então perdoa-me.
Não é que o amor deixa de existir, não. Ele existe sempre, é só que não se consegue alcançá-lo todos os dias.
É inevitável perdê-lo de vista, tendo em vista a sua vastidão labiríntica e cada roupagem que traz consigo: fogo vermelho aos 'sad blues'.
Desacredita no amor, sim, mas sempre duvida de sua inexistência.
Desacredita por um dia, ou até duas décadas, mas depois dá a chance de buscá-lo no fundo do poço donde o atirava junto às moedas de desejo.
Azul, vermelho, tanto faz.
Amor é amor e duas doses é tudo o que há para despertar dor-mente
frio ou quente.

Rodrigo Aleixo

domingo, 16 de novembro de 2014

Decoração

De decoração
Dei meu coração
Não pôde reter… derreteu
Me detive de-ter
A ti
A ti e a teu coração
Deter, teu coração
Mas com-razão de-tiveste
O teu coração retido
Re-tido por outro
E eu, de-coração na mão
Desistir, não sei, resistir
Coração detido
De-coração
Tinha de(r)-re-tido

Rodrigo Aleixo

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Silêncio?

Eu barulho
Tu amores
Ele sorte

Nós neologismos
Vós acidez
Eles questão

Rodrigo Aleixo

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Precisão



A mim encanta o que é falho, natural;
O vento que escapa dos dedos sem que se possa segurar;
Se quando bate com os dedos n'água tira um som que não se pode precisar;
Ou a sombra que foge do sol tal qual peixe de um anzol.
Não se pode misturar o real ao ilusório sem disfarçar a verdade ou despir-se da fantasia.
Se os dedos não seguram o ar, respire, deixe que o faça o pulmão;
Se procura precisão, tenta ouvir um coração;
Não fosse o sol, sombras não se definiriam.
Defina-se. Assombre-se.
Não misture o ilusório ao real, por fim, transponha-o.
E quando dormir, sonhe; porque ao sonhar você traça metas, também.
Transponha-se.

Rodrigo Aleixo

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Cartas

Meu sonho foi sobre cartas. "Foi ali que eu li a sua carta, exatamente ali, onde você hesitou por algum momento antes de continuar andando..."
Meu sonho foi sobre o vazio, também, vazio o qual preenchi de atitudes. "Não sou desses que aproveitam o vazio, sabe?" É dos que o preenchem, pois.
Meu sonho foi sobre sonhar alto; sobre voar, sobre mim acima de tudo.
Sobrevoar acima de ti, sobre o mundo.
Sobre o mundo das minhas idéias, dos meus ideais. Submundo.
Meu sonho foi sobre ontem, e amanhã será sobre hoje.
Mas hoje... Hoje eu só quero poesia. Poesia em cartas, cartas rasgadas de sonhos rasgados, vazios de proveito mas cheios de atitude.

Rodrigo Aleixo

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Menos azul (cada vez mais)

Meu passado é azul.
À minha maneira eu construí um passado, ao invés de construir um futuro.
Eu fui como um artista louco, modelando ou pintando, abismos e pontes e estrelas e torres e pedras e vidas e árvores sobre coisas mortas.
Tudo azul.
E eu decidi que estou satisfeito com ele, agora, pois é um lindo passado.
Ainda assim é um passado, um passado que passou.
Foi difícil entender isso.
Posso até olhar para trás e admirá-lo pelo que foi, mas não fico mais pensando em voltar lá justamente porque já vivi ali e, finalmente, agora, entendo que aproveitei de lá tudo o que pude.
Agora eu tenho um janelão azul para admirar e tirar de lá milhares de lições para o meu futuro, que não é todo azul.
Mas, péra, meu futuro tem azul, também, é claro...
Só que na essência ele é todas as cores, uma de cada vez.
E ele tem brilho e sombra e ponta e curva e folha e vento e planos.
Ah...
E ele é tão sólido quanto ele é fluídico.
E nele, neste futuro, eu me amo.
Cada vez mais.

Rodrigo Aleixo

terça-feira, 3 de junho de 2014

Multi-Vias

"Eu escolhi ser quem eu sou hoje, mesmo que traçado estivesse algum outro caminho. É pontilhado, pois não só aprendemos com o destino, também ele aprende com a gente.
Nossas escolhas, nosso livre-arbítrio e, mais importante, nossa essência humana moldam o nosso caminho. Isso é bom, pois nos mostra que temos a maior parte, se não todo poder sobre nós mesmos. Mudar quem somos, ou o que foi planejado, não é atroz, é virtude única. Amar quem você é hoje é não menos importante que amar quem você se torna a cada dia e não menos importante que amar ao próximo. Não é para levarmos os dias a ferro e fogo, devemos usar do fogo para moldar o ferro. Transmutar.
Sua personalidade, caráter, potencial e toda bagagem que veio e vem, dependem única e exclusivamente de você, de sua relação com a natureza e de sua natureza com o próximo.
Tem tanta coisa em jogo. São multi-vias, das quais você faz parte, pelas quais você conduz e se deixa conduzir. Acelere e freie quando for conveniente e, se bater, aí a gente vê.
Pode não parecer mas, entre a vida te ensinar e você aprender com ela, existe toda diferença."

Rodrigo Aleixo
(19/12/12)

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Acalma-te, Então

Ah, coração sofrente
Deixa entrar um pouco d'ar
Tent'ao menos respirar

Faz de mim teu bom amante
Que das dores vais tratar
Porqu'é assim melhor estar

Valente sofredor
À carente amador

Rodrigo Aleixo

Forsaken Feeling

Forgive me
For such has to be
Forever
Forgotten and
Forbidden
For me

Rodrigo Aleixo

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Under My Bed, There’s Me

It’s not all black and white
The ones who we think we are
Nor is it all grey scale
We’re more of a polychrome jar
With secrets so deeply kept
We’ve just to leave ‘em inside
Or under rug swept
For our pride we’ve got to hide

Part (of me) I didn’t know existed
Is menacing my old self to die
With shatters of my own personality
It’s my emotions I ought to pry
Unsettled and mixed feelings
I pray no one ever has
I ought to look for shelter
For me and all that jazz

Rodrigo Aleixo

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Since I Stopped Crying, a Waltz

A despair grabbed me by the hand
in a way no true happiness would ever dare.
I wore all kinds of masks at that ball
to hide the stains of tears and fears that
my soul decided to impregnate my face with.
Had I soaked all night in ice
I would have suffered less, one might think,
as all the swelling around my eyes
Had made it look like I had been on wine
and aspirins (for far too long)
but no, sir.
I forced a smile on my visage,
the kind you get only when you are merry,
but mine almost looked as if
it were going
to crack;
and no mask could hide
any thing, any
more.

We danced all night then,
that daring despair and I.

Rodrigo Aleixo

(Finding) Freedom



Freedom is (out there),

(We) almost (miss) the value (it has).

(How) is its (path, its own self? We ponder):

-(By) thinking (that you) have (it, already),

and you (are) certain to (find it, then).




Rodrigo Aleixo

[My take on the Fibonacci (Variation) challenge from Oulipost.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Smoke Signal




      why
     don't you
    write to me
   a small message
  about no matter what
 about your dreams or
 how you got off your bed
 the way you brushed
  your teeth or
 how you tought
about me at
breakfast
even about
your feelings
you may write
 or how you
  don't love
   me anymore
  but, oh
 please
don't let
me hanging
 on this cliff
  of anguish and
   hope with
  sharks all
 over
below
waiting
 to eat
  me
 raw
 write me
  a small
   message
    about the
     traffic
    congestion
  when you
left to
work or
 about
  the beggar
   looking
  at you
 before
you
got
 into
  the
   building
  but, oh
 please
don't
leave
me
begging
for this
 piece of
  information
   I treasure
    with my
    heart
   beating
  so hard
 you can
feel it
through
 these
  words


Rodrigo Aleixo

terça-feira, 1 de abril de 2014

Dry Beginnings

Then it thundered in me
The rain flooded everything inside
And a sudden heat dried it all out

Something must end in order to start afresh

And it was blinding
The dullness of my memories
For non-existing passages
Those of a beautiful present
That could have been

And it's still deafening
The silence accompanying my
Un-yelled yell, that isn't echoing
That you won't hear
And I'm yet to suffer

Now a desert ravages inside
And I
I must quietly wait in my oasis

For something that starts is always bound to end

Rodrigo Aleixo

segunda-feira, 17 de março de 2014

For a Change

Who am I?
I am an ordinary person, with ordinary dreams,
I live, as an attempt to give myself a chance to love.
Stay here a little longer and you can hear the emptiness inside of me.

I am going to try and find myself, now;
I can already answer, if someone asks me, what are my most beautiful and ugliest feelings:
My ugliest feeling I have felt alone; inside, although I have always had someone with me.
My most beautiful feeling I have felt with you, inside and outside.

Are you afraid of happiness?
I know, for one thing, that I am. Scared to death.
Happiness frightens all of us who feel unworthy of it;

For a change
I am not afraid to chase it; quite on the contrary,
I am afraid not to chase it.

Who am I?
I don't know.
I am going to try and find myself, now;

Meanwhile, for a change
I want the sky to try and be myself tonight.
Stay here a little longer and you can hear the emptiness inside of me.

Rodrigo Aleixo

terça-feira, 11 de março de 2014

Absence

Why so distant?

My lungs are tight, willing to yell,
The cold is starting to surround me with quietness.

Why so distant?

Every time I look out to reach you, you stretch your arms,
Inviting hands.

I'm shivering with fear.
I shall feel everything.

Why so distant?

Is it part of my journey alone?
I dread loneliness, not being alone.

Let there be silence, let there be love.
All things below, all things above.

Why so absent?

Have you found another soul to embrace?

It's not yet that dark,
Nor as light as it could be.

Have you found another soul to be free?

My lungs are tight, willing to yell,
The cold is starting to surround me with quietness.

Why so distant?

Every time I look out to reach you, you turn around,
Inviting smile.

Rodrigo Aleixo

segunda-feira, 10 de março de 2014

Ficar de Pé

Pisava verde, passos doces; corria pra me encontrar.
O chão inclinava enquanto eu tentava descer; era como ter que virar o mundo de ponta-cabeça para poder ficar de pé.
Lembre-se, por você. Dizia sorrindo.
Por mim, então.
Meus pés doíam, mas eu não me importava.
Eu queria descer.
Esfreguei minha cara na terra, tirei os sapatos e fui escalando o chão, agora quase vertical.
Vou cair, me segura.
Não, não, não! Se ainda tem amor por mim, não leia o que eu escrevi.
Não.
Fui horrível. Fui víl. Te imploro.
Estou cercado de amor. Me segura.
Seguro. Não tenho que pedir explicações.
Te amo incondicionalmente. Me segura.
Seguro. Que vergonha que estou de você.
Me apoiei; afrouxou o cinto que me prendia à enorme bigorna de chumbo que eu carregava sem questionar.
Sem as toneladas que me puxavam, agora eu podia voar.

Rodrigo Aleixo