O chão inclinava enquanto eu tentava descer; era como ter que virar o mundo de ponta-cabeça para poder ficar de pé.
Lembre-se, por você. Dizia sorrindo.
Por mim, então.
Meus pés doíam, mas eu não me importava.
Eu queria descer.
Esfreguei minha cara na terra, tirei os sapatos e fui escalando o chão, agora quase vertical.
Vou cair, me segura.
Não, não, não! Se ainda tem amor por mim, não leia o que eu escrevi.
Não.
Fui horrível. Fui víl. Te imploro.
Estou cercado de amor. Me segura.
Seguro. Não tenho que pedir explicações.
Te amo incondicionalmente. Me segura.
Seguro. Que vergonha que estou de você.
Me apoiei; afrouxou o cinto que me prendia à enorme bigorna de chumbo que eu carregava sem questionar.
Sem as toneladas que me puxavam, agora eu podia voar.
Rodrigo Aleixo
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