Em mar de palavras, barco de
poesia.
- Sem água, não se pode chorar.
Somos almas em cativeiro.
- Sem chance, não se pode sonhar.
E se a vida não dissesse: "deite,
role e finja de morto", eu seria
apenas mais um selvagem, livre,
porém inconstante.
- Sem fôlego, não se pode respirar.
Agradeço pela
vida, grande domadora, pela sorte,
aludida, que nem a morte pode
apagar.
- Sem gana, não se pode ganhar.
Toda dor e todo amor provêm do mesmo
ponto de partida.
- Sem fogo, não se pode moldar.
Toda felicidade e toda tristeza adornam juntas o
semblante de cada um de nós.
- Sem fim, não se pode acabar.
Minha alma secou, isto é, como o tinteiro que costumava ser.
Voei ao enxugar, então, minha pena ressequida.
- Mal sabia, escrevia outra linha.
Rodrigo Aleixo
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