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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pulsares

São estrelas, os pulsares, daquelas que quase ninguém entende e os poucos que entendem não percebem a magnificência que é entendê-los.
Eu, particularmente, não entendo um pulsar. Poderia passar horas e horas aqui apenas ruminando o que todos podem ler em revistas científicas e astronômicas e ainda assim não compreenderia a sua complexidade. Isso não importa muito, pois, na verdade, o que realmente vale são as sensações que esta estrela de neutrons densa é capaz de causar.

É como embarcar em um navio e ser guiado, mesmo que às escondidas, pela luz de um farol distante que, de costume, guia nobres para um porto seguro. Mas não estou em movimento, estou ancorado, não sou nobre; sou apenas um tolo apaixonado pela luz pulsante e regular que esta emite, o efeito que esta exerce. A luz quase-quimérica, suave, toca a minha superfície para depois virar breu, um misto de calafrio e euforia. Eu não ligo, é como se estrelas fizessem infinitas viagens-luz até a Terra somente para cumprimentar-me; fazendo com que aparentem piscar. O efeito farol.

O que eu mais gosto nas estrelas é esse brilho louco que cega a gente e que a gente segue, quase-cegos, quase-mudos.
Distraído, me apanho tentando apanhar estrelas. Tolice! Não se pode apanhar estrelas, então contento-me em orbitar distante aquele pulsar. É lindo e reconfortante só saber que está lá, que existe, que guia, que pulsa; tum-tum; a Greenwich dos corações desajustados.