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terça-feira, 2 de agosto de 2016

No Horizonte, a Ver Navios

Mirei fixamente à minha frente
Uns sonhos refletidos nos olhos
Deixei, no horizonte,
Um vago pensar esmorecido do tempo,
Esperei que o sol se pusesse
E então entendi:
Se realidade for perder sonhos de vista,
Hei de viver ilusões

Rodrigo Aleixo

domingo, 24 de julho de 2016

Desencontro em Reticências

Me encontrei contigo Me perdi em ti Por ti me encontrei Me perdi de ti Sem ti me encontrei Contigo me perdi Me encontrei em ti Me perdi por ti Te encontrei Me perdi sem ti Te perdi... Rodrigo Aleixo

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Lua de Mel

Entre folhas e estrelas, lá estava;
cor-de-mel toda bela e formosa...
Debaixo de um pé, estirado no chão,
alguém de mansinho espiava...
Acordado em sonho, sonhando com afagos,
dormiu, no sereno, ansioso.
Pediu liberdade serena,
e então em silêncio ficou...
Chegou, então, em luz, a mensagem,
tocando o seu rosto sem cor;
refletiu no suor ou talvez fossem lágrimas
de uns olhos sorrindo de amor...
E um eco se fez, ressonante, vibrante,
mas só o ouviu quem gritou.
Queria a metade, ou qualquer outra coisa,
que nunca de volta encontrou.

Rodrigo Aleixo

domingo, 17 de julho de 2016

Des-fazedor de nós

Antigos laços
Transformam-se em nós
Certos abraços, apertados,
Também.

Rodrigo Aleixo

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Blue Travels Ahead

If you can use your time to travel far and wide
And sink your feet in water, and grass, and sand
And dance to foreign songs about the moon and the tide
Your fears can be forgotten, for again you may stand

If you defy your limits - all the ones you set
And you run out of time, though there's more to be seen
For that you are the saddest, as blue as you get
Get up and fight - warrior! The world's all green

Rodrigo Aleixo

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Outras Ostras

Cultivamos certas mentiras como se fossem preciosidades, como pérolas dentro de ostras ainda vivas.
Certas mentiras são meras centelhas de esperança, pérolas-joia, para admirarmos diariamente na expectativa de que não sejam inverdades.
Outras mentiras são ostracismos, pondo-nos como pérolas-câncer de nós mesmos, calcados, incrustadas em nosso reflexo, antes cristalino, puro, translúcido.
A rispidez de certas pérolas não as deixa passarem fácil, tais-quais, para dentro de nossos corações-esôfagos: é preciso poli-las, lustra-las, deixa-las do tamanho exato e redondas para que desçam goela abaixo por vias-sábias; vias estas constantemente entupidas, bloqueadas, congestionadas por verdades vastas demais, grandes demais, doídas demais para engolirmos.

Chega a ser irônico obstruir verdades para deixar passarem as ostras, e, no entanto... cultivamos mentiras, certas como pérolas que nos foram jogadas.

Rodrigo Aleixo


terça-feira, 7 de junho de 2016

para provar que és poesia

escrevo-te em papel de carta,
rimo-te ao meu rítmo cardíaco
e palavreio-te a mil amantes
que, de loucos, choram por ti

me inspiro em memória tua
e ardendo, feito fogo em brim
em calorosas chamas apaixonadas,
rogo por misericórdia

faço de mim instrumento teu
em êxtase, me rendo às fraquezas
e sinto, com as mãos no peito,
as supostas rimas de ti

Rodrigo Aleixo

Ahh

suspiro por tuas causas
suspiro por tua causa
suspiro por ti
suspiro forte
suspiro

Rodrigo Aleixo

domingo, 5 de junho de 2016

Estrutura

Eu sorri
Com o rosto inchado
Com os olhos molhados
E gosto de rum nos lábios

Daiquiri

Quis ser fraco
Mas a força em mim é plena
Então pedi desculpas
E enfim desculpei

Rodrigo Aleixo

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Arrepios

Tudo o que eu não pude ser
São fantasmas do meu passado
Tudo o que eu aparento ser
São fantasmas do meu agora
Tudo o que eu planejo ser
São fantasmas do meu futuro
Cada qual com sua maneira única
De me assombrar

Rodrigo Aleixo

Of Hearts and Dreams

They say shattered dreams, because their shred's sharp edges pierce the soul and rip it down, tearing us apart, scarring from within. In a desperate attempt we turn the soul inside out, salvaging the other dreams, carefully stuffing them back in along with new ones. But we're unaware that once a soul has been flipped, the thread of life is no longer to be seen.

They say broken heart, because it once functioned fine, but then it stopped. Leaving all the happiness to be sought elsewhere, leaking sorrow from its veins, no repents, a lot of pain. So we wait for it to heal, but broken things don't heal. They need to be repaired, fixed, and once one does it, it will be prone to break more easily, for its durability has been damaged.

Rodrigo Aleixo

terça-feira, 31 de maio de 2016

Balé de Insônia

Se o sono falhar
Sonha acordado
Descalça-te os pés
Ergue teu corpo e dança na noite
E se a música faltar
Não te alardes
O silêncio te fará serenata
Tira o som da sombra
Movimenta-te
Salta no escuro se não enxergar
Invade-te de luz
Não obstante, recria-te
Guia-te por teu coração batente
Absorve seu rítmo surdo
E baila pro mundo
- Sob estrelas-cadentes
E quando cansar...
Canta pro mundo
- Sobre estrelas-cadentes
Até tua voz acabar

Prece Primária

Peço para que o verde esteja sempre aos teus pés
Para que o azul te envolva, aconchegante aos teus ombros
Que do doce amarelo teus lábios possam provar
Que nunca tuas mãos precisem relar em vermelho
Serenidade, da branca espuma do mar
Sabedoria abundante, de nosso preto universo

Rodrigo Aleixo

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Dádivas, Sobras e Ternos

Sobre as
Eternas
Dívidas:

É ter nas
Vívidas
Sombras

Sabidas,
Vividas
E ternas...

...Memórias

Rodrigo Aleixo

domingo, 29 de maio de 2016

Acima de tudo

Em cima do muro
De baixo pra cima
Por cima do escuro
Ainda por cima
Em cima da hora
Acima do sol
De dentro pra fora
À dois num atol

Rodrigo Aleixo

Submemória

Submemória

Reemergiu
Com toda força
Quebrando a superfície
Gelada do silêncio e distância,
Em passos que trespassam oceanos inteiros,
Esboçando pro futuro sonhos que jaziam arquivados
Nos rascunhos das memórias íntimas resgatadas ou quase rasgadas,
Das inspirações, das aspirações desesperadas, das lembranças e recordações
Submersas feito chumbo em lago de lágrimas, longas lástimas pelas quais sucumbo
Com toda força...

Rodrigo Aleixo

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Virará

Ó inspiração vadia
Quero pedir-t'este dia:

Que me conceda estadia,
Farei de ti moradia
Esquece de rebeldia

E d'outra ponta do mar
Quando a areia secar
Espera então calmaria

Nesta minh'alma vazia
Que não mais pôde aguentar
O tanto d'água arredia

Supérflua idolatria,
Da dor que em mim irradia
De minha emoção tardia

E se bem deixo-te estar
E bem ao longe eu gritar
De rouca voz me diria:

Que ainda em mim caberia
Todo este amor que eu sabia
Senão por ti arraigar

Sopra em mim, pois, poesia
Para que sonhe Maria

Despeja em mim melodia
Para que dance Maria

Transborda em mim alegria
Para que pule Maria

Separa em mim regalia
Porque a sorte virá

Rodrigo Aleixo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Memoir en Marbre

Ces mains,
Les mêmes qui m'ont caressé le torse,
M'ont pris le cœur ouvert,
Ce même que j'avais auparavant offert,
Et l'ont couvert de poudre de marbre,
Pour que nous puissions garder la distance
Et que je devienne semi-sculpture.
Mais on peut voir par dessous de toutes ces dures couches
D'autres œuvres d'art :
Un tableau peint de sang,
Des veines de poèmes en prose,
Quelques pulses rythmiques limités de mon cœur musical.
D'un coup d’œil je ne bouge jamais plus.
C'est l'art vivante que tu me fais devenir.
Ce n'est ce que je peux faire avec le tout petit peu que me reste encore de toi.

Rodrigo Aleixo

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Sobre Vento e Brasas

Fiz meu coração de isca
Sentei no barco de papel
Em meio ao mar de poesia
E, fincado o anzol da esperança,
Atirei-o ao longe
Esperei, na agonia e na dor, qualquer mordida
Mas tubarão quer sangue vivo e
Não coração de carvão
Que em brasas escreve emoções
E se espalham nas margens
De onde espelham miragens
Nas praias de finas dunas de amor
Que o vento cisma em fazer dançar
Para longe de nós.

Rodrigo Aleixo

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Véritables Sentiments, Inatteignables Plenitudes

Temps,
Est-il probable que tu aies oublié mon existence ?

Même si j'aurais pu t’offrir mon plus beau cadeau
Si j'aurais pu t'écrire mes plus beaux mots
Tout ce que j'aurais eu s'équivaudrait à cet instant
Mes sentiments seraient toujours si résistants
Que mon cœur brisé battrait - de même - si fort
Et mes bras croisés serreraient si vainement mon corps
Puisque certainement je n'aurais plus rien à faire
Dès que mon échec soit dû au fait que sur cette terre,
La joie, je ne l'atteindrai jamais
Autant que je le fantasmais,
Moi

Rodrigo Aleixo

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Expansion

(*La traduction en français de la première strophe m'a inspiré a continuer ce poème à moi abandonné depuis longtemps)

Vide, j'ai vidé ma voix, j'ai vidé ma foi
Parfois rauque, absent
À mes parents, ma douleur, mon silence, mon indolence
Je ne suis plus ce que j'étais. Je suis, simplement

Les graines, on les enterre, la mer, bascule-t-elle ?
Mère, on sera bientôt né
J’annule mes rêves perdus, ma vertue n'est que morte
Je ne vois plus ce que je voyais. Je vois autrement

Dans quelle sorte de vie, mon ami, traîné-je ?
Forte, la pluie m'amène
La solitude et la peine qui, pas a pas, m'enseignent
Je ne fais plus comme je faisais. Je le fais passionnellement

Je ne vais nulle part, mais je pars tôt
Vague d'esprit, distrait
J'ignore de nombreux signes, opportuns ou pas, je saigne
J'aime pourtant plus que jamais. J'aime, aveuglément

Rodrigo Aleixo

domingo, 10 de janeiro de 2016

Heartbeat

Con-tra-ry to
what you
might think,

your heart
beats on
it-self
hard-ly,

and not
on those
who beat
it first.

That's why
it does
a poor-ly job,

on ma-king you
not fall
a-part.

But still
it is
a gra-cious thing,

the one
fee-ling
you're bound
to live.

Rodrigo Aleixo


sábado, 9 de janeiro de 2016

Viva cicatriz

Da carne vermelha intensa dos teus lábios
De onde palavras cortantes deixaram marcas profundas na alma minha
Aos ossos rígidos, frios dos meus dentes gastos
De roer as unhas, as mesmas que rasgaram o tecido do travesseiro dentro do punho fechado de minhas mãos
Na terra fria de inverno do pátio
De onde lia tuas palavras com os pés nus, plantados no chão, onde resolvi enterrar meu coração
No amargo sabor das minhas lágrimas
De onde pude sentir todo ressentimento, e ressentir todo sentimento
Da memória, do cheiro, do tremor
Da nervosa maneira de amar, do medo, do vinho que não bebemos, das juras que não fizemos
Do silêncio precoce
Do luto em mim.

Rodrigo Aleixo

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Vivante Cicatrice

De la chair rouge et intense de tes lèvres
D'où provenaient des mots tranchants qui m'ont marqué profondément dans l'âme
Aux os rigides et froids de mes dents déjà épuisés
De me ronger les ongles, ceux qui déchiraient le tissu de ma housse d'oreiller les poings serrés
Sur la pierre froide d'hiver du patio
D'où je lisais tes mots, pieds nus, où j'ai décidé d'enterrer mon cœur
Dans le parfum amer de mes larmes
D'où j'ai pu sentir tout mon ressentiment et ressentir tous mes sentiments
De la mémoire, de l'odeur, du tremblement
D'une inquiète façon d'aimer, de la peur, du vin qu'on n'a pas bu, de vœux d'amour qu'on n'a pas fait
Du silence précoce
De mon chagrin

Rodrigo Aleixo

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Retalhos

Em mar de palavras, barco de
poesia.
- Sem água, não se pode chorar.

Somos almas em cativeiro.
- Sem chance, não se pode sonhar.

E se a vida não dissesse: "deite,
role e finja de morto", eu seria
apenas mais um selvagem, livre,
porém inconstante.
- Sem fôlego, não se pode respirar.

Agradeço pela
vida, grande domadora, pela sorte,
aludida, que nem a morte pode
apagar.
- Sem gana, não se pode ganhar.

Toda dor e todo amor provêm do mesmo
ponto de partida.
- Sem fogo, não se pode moldar.

Toda felicidade e toda tristeza adornam juntas o
semblante de cada um de nós.
- Sem fim, não se pode acabar.

Minha alma secou, isto é, como o tinteiro que costumava ser.
Voei ao enxugar, então, minha pena ressequida.
- Mal sabia, escrevia outra linha.

Rodrigo Aleixo