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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Sobre Vento e Brasas

Fiz meu coração de isca
Sentei no barco de papel
Em meio ao mar de poesia
E, fincado o anzol da esperança,
Atirei-o ao longe
Esperei, na agonia e na dor, qualquer mordida
Mas tubarão quer sangue vivo e
Não coração de carvão
Que em brasas escreve emoções
E se espalham nas margens
De onde espelham miragens
Nas praias de finas dunas de amor
Que o vento cisma em fazer dançar
Para longe de nós.

Rodrigo Aleixo

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Véritables Sentiments, Inatteignables Plenitudes

Temps,
Est-il probable que tu aies oublié mon existence ?

Même si j'aurais pu t’offrir mon plus beau cadeau
Si j'aurais pu t'écrire mes plus beaux mots
Tout ce que j'aurais eu s'équivaudrait à cet instant
Mes sentiments seraient toujours si résistants
Que mon cœur brisé battrait - de même - si fort
Et mes bras croisés serreraient si vainement mon corps
Puisque certainement je n'aurais plus rien à faire
Dès que mon échec soit dû au fait que sur cette terre,
La joie, je ne l'atteindrai jamais
Autant que je le fantasmais,
Moi

Rodrigo Aleixo

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Expansion

(*La traduction en français de la première strophe m'a inspiré a continuer ce poème à moi abandonné depuis longtemps)

Vide, j'ai vidé ma voix, j'ai vidé ma foi
Parfois rauque, absent
À mes parents, ma douleur, mon silence, mon indolence
Je ne suis plus ce que j'étais. Je suis, simplement

Les graines, on les enterre, la mer, bascule-t-elle ?
Mère, on sera bientôt né
J’annule mes rêves perdus, ma vertue n'est que morte
Je ne vois plus ce que je voyais. Je vois autrement

Dans quelle sorte de vie, mon ami, traîné-je ?
Forte, la pluie m'amène
La solitude et la peine qui, pas a pas, m'enseignent
Je ne fais plus comme je faisais. Je le fais passionnellement

Je ne vais nulle part, mais je pars tôt
Vague d'esprit, distrait
J'ignore de nombreux signes, opportuns ou pas, je saigne
J'aime pourtant plus que jamais. J'aime, aveuglément

Rodrigo Aleixo

domingo, 10 de janeiro de 2016

Heartbeat

Con-tra-ry to
what you
might think,

your heart
beats on
it-self
hard-ly,

and not
on those
who beat
it first.

That's why
it does
a poor-ly job,

on ma-king you
not fall
a-part.

But still
it is
a gra-cious thing,

the one
fee-ling
you're bound
to live.

Rodrigo Aleixo


sábado, 9 de janeiro de 2016

Viva cicatriz

Da carne vermelha intensa dos teus lábios
De onde palavras cortantes deixaram marcas profundas na alma minha
Aos ossos rígidos, frios dos meus dentes gastos
De roer as unhas, as mesmas que rasgaram o tecido do travesseiro dentro do punho fechado de minhas mãos
Na terra fria de inverno do pátio
De onde lia tuas palavras com os pés nus, plantados no chão, onde resolvi enterrar meu coração
No amargo sabor das minhas lágrimas
De onde pude sentir todo ressentimento, e ressentir todo sentimento
Da memória, do cheiro, do tremor
Da nervosa maneira de amar, do medo, do vinho que não bebemos, das juras que não fizemos
Do silêncio precoce
Do luto em mim.

Rodrigo Aleixo

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Vivante Cicatrice

De la chair rouge et intense de tes lèvres
D'où provenaient des mots tranchants qui m'ont marqué profondément dans l'âme
Aux os rigides et froids de mes dents déjà épuisés
De me ronger les ongles, ceux qui déchiraient le tissu de ma housse d'oreiller les poings serrés
Sur la pierre froide d'hiver du patio
D'où je lisais tes mots, pieds nus, où j'ai décidé d'enterrer mon cœur
Dans le parfum amer de mes larmes
D'où j'ai pu sentir tout mon ressentiment et ressentir tous mes sentiments
De la mémoire, de l'odeur, du tremblement
D'une inquiète façon d'aimer, de la peur, du vin qu'on n'a pas bu, de vœux d'amour qu'on n'a pas fait
Du silence précoce
De mon chagrin

Rodrigo Aleixo

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Retalhos

Em mar de palavras, barco de
poesia.
- Sem água, não se pode chorar.

Somos almas em cativeiro.
- Sem chance, não se pode sonhar.

E se a vida não dissesse: "deite,
role e finja de morto", eu seria
apenas mais um selvagem, livre,
porém inconstante.
- Sem fôlego, não se pode respirar.

Agradeço pela
vida, grande domadora, pela sorte,
aludida, que nem a morte pode
apagar.
- Sem gana, não se pode ganhar.

Toda dor e todo amor provêm do mesmo
ponto de partida.
- Sem fogo, não se pode moldar.

Toda felicidade e toda tristeza adornam juntas o
semblante de cada um de nós.
- Sem fim, não se pode acabar.

Minha alma secou, isto é, como o tinteiro que costumava ser.
Voei ao enxugar, então, minha pena ressequida.
- Mal sabia, escrevia outra linha.

Rodrigo Aleixo